quinta-feira, 3 de julho de 2014

A Filha do Barão - OPINIÃO



Na minha opinião A Filha do Barão é a consagração de Célia Loureiro. Depois de já ter gostado dos livros anteriores, este superou-os largamente e deixou-me ansiosa à espera da continuação.

A escrita é mais madura, a narrativa envolvente e para quem gosta de romances históricos, este livro representa um pequeno céu! Personagens que nos cativam, cenários e dados históricos muito interessantes e que nos fazem recuar na história do nosso país e viver um pouco daquilo que os portugueses viveram naqueles anos tão turbulentos.

A história de Mariana e Daniel parece-me, no inicio, difícil de resultar. Ainda que naquela época fosse natural o casamento arranjado, não é fácil conceber esse arranjo tendo em conta que a noiva tem quatorze anos e não sabe nada da vida. Mas Mariana é uma menina especial, com uma personalidade vincada e que cresce rapidamente. Acabei por me encantar por Mariana, pelo seu jeito, pela sua vontade de ser menina e mulher ao mesmo tempo.

Daniel, o inglês amigo do pai de Mariana, é um homem honrado e que está disposto a acatar o pedido do seu amigo moribundo, de casar com a sua filha e velar por ela e pela mãe desta, D. Sofia. 
Depois de deixar Mariana e D. Sofia na Quinta em Lordelo, junto com a sua mãe e irmã, ele parte para o Porto e apesar do compromisso assumido, sucumbe aos encantos de Isabel e vive com ela uns meses  em pecado. No entanto, quando a sua nova família precisa de si ele parte em seu auxilio. 

A autora conseguiu juntar vários pontos que enriqueceram o livro sobremaneira: a vertente histórica que é riquíssima, o romance de Daniel e Mariana (com traições, alianças e novos sentimentos para apimentar a relação), a amizade de Mariana com Zé, a relação turbulenta de Mariana com D. Sofia (a forma como a relação evoluiu é brilhante. As duas situações dos partos revelam a capacidade da autora de, em momentos dramáticos, trazer humor e aligeirar os nervos dos leitores. E claro, o que aconteceu a Amélia? O enigma do livro.

O que não apreciei tanto foi o aparecimento de Gustave e o impacto que terá na vida dos demais Penso que com o Zé faria mais sentido. Quem já leu, entende o que quero dizer. Também não entendi muito bem a personagem de Maria. Entendo a sua frustração mas achei demasiado o facto de ela se ter empenhado tanto em denegrir a imagem de Mariana (colocando até a sua vida em perigo) quando esse ódio não foi assim tão importante na narrativa ou sequer explorado. Penso que a doce Nuna não merecia um desfecho tão triste. Gostava de ter visto um final mais feliz para esta personagem tão doce e carinhosa. E por fim achei um pouco exagerado Daniel ter levado Isabel para  a Quinta do Lordelo e ter inclusive usado Mariana para conseguir esse feito. Por mais preocupação que tivesse para com Isabel, Daniel deveria ter arranjado outra solução, pois colocou em risco a sua relação com Mariana e acho que ela não merecia tamanha humilhação.

Para finalizar este comentário devo dizer que me orgulho por este livro ter sido escrito por uma autora portuguesa. Sem dúvida que merece ter destaque numa estante de qualquer livraria e deve ser presença obrigatória na biblioteca pessoal de todos os amantes dos livros.

Parabéns Célia Loureiro.

2 comentários:

  1. Obrigada,
    AMEI a sua review, os pontos altos e os baixos.
    Quando à Maria, posso esclarecer que é aquela pessoa que temos ao redor, que nos inveja e se faz de útil, e observa, espera, espera, e quando menos esperamos crava-nos as unhas por despeito e ressabiamento. A Maria seria o espelho daquilo que pouco mais tarde se transformou numa luta de classes, a sociedade era muito fechada e a Maria não consegue ver-se abaixo dos seus patrões.
    Quanto ao Gustave, ele é a ligação que talvez várias famílias portuguesas tenham tido com soldados franceses. Li documentos em que se falava de amores secretos entre damas e donzelas e soldados franceses. O amor acontece nos momentos mais improváveis, e quem sabe não teremos um tetra-avô desconhecido que nem nunca soube da nossa existência, e que afinal é francês?

    Se tem goodreads, adoraria ver esta review lá exposta :)

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  2. Olá verinha,
    desculpa a pergunta mas tenho vindo a notar a tua ausencia. Está tudo bem? Como está o pequeno príncipe?

    Beijinhos

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