As Lágrimas de Lúcifer - OPINIÃO

Sinopse:

Uma morte brutal.
O segredo mais obscuro de um país.
Um detetive levado ao limite.

Um ano após o caso Sufia Elmi, o inspetor Kari Vaara regressa a contragosto a Helsínquia, numa tentativa desesperada para conseguir ultrapassar as insónias e os fantasmas que persistem em persegui-lo.
Ao serviço da Brigada de Homicídios de Helsínquia, Kari terá nas suas mãos os dois casos mais mediáticos do momento: o brutal homicídio da mulher dissoluta de um homem de negócios russo e o estranho envolvimento em crimes de guerra de um herói nacional da Segunda Guerra Mundial, já nonagenário, cujos contornos políticos estão na iminência de provocar um incidente diplomático entre a Finlândia e a Alemanha.
Assombrado pelo passado, serão as circunstâncias do presente que o farão descobrir a verdade e as respostas que tanto procura.

 

Opinião:

Depois da leitura de Anjos na Neve, foi com ansiedade com comecei a desfolhar este As Lágrimas de Lúcifer. As expectativas eram altas e não desiludiu.

Desde cedo nos apercebemos que o casal Kari e Kate se mudou para Helsínquia e que Kate perdeu os gêmeos que esperava. No entanto, está novamente grávida e o casal tenta um novo recomeço. O último caso do inspetor deixou mossas profundas não só em Kari como em Kate também, pois ambos se culpam pelo aborto e ele  está inclusive a fazer terapia para ultrapassar o desfecho do seu último caso.

Kari está numa Unidade nova e tem Milo como colega de trabalho. Têm algumas diferenças flagrantes mas no geral conseguem trabalhar em equipa.

Novamente, a par com a investigação, o autor vai-nos dando conta da vida pessoal dos protagonistas. Kari vai ter de lidar com os irmãos de Kate, John e Mary, que ela não vê à cinco anos, e que vêm passar umas semanas com eles, para ajudar com o nascimento do bebé. Aqui o autor explorou mais uma vez as diferenças culturais entre os costumes norte-americanos e finlandeses.  

Kari vai ter de investigar um herói nacional de noventa anos que poderá estar ligado a práticas nazistas e que poderá também estar ligado ao seu avô e a um passado que Kari desconhece e que nem imagina a importância que Arvid terá na sua vida.

O outro caso que é investigado é a morte de Iisa, brutalmente espancada, onde um chicote de equitação e cigarros foram as armas usadas. Ivan Filippov, marido de Iisa, não parece muito afetado com a sua morte, quando esta lhe é noticiada por Kari, talvez por ela ter sido encontrada morta junto do amante, Rein Saar.  Linda Pohjola era amiga do casal, tendo uma relação estranha com Iisa, ambas gostavam de vestir-se de igual em festas e comportarem de forma parecida para serem confundidas. Mas também Linda parece estar pouco afetada com a morte de Iisa. Talvez porque assim possa ficar com o marido da amiga só para ela? Irá Rein pagar por este crime para esconder podres que envolvem provas contra altas patentes da polícia finlandesa? A forma como o autor conduz a investigação, repleta de pormenores e de situações interessantes, faz-nos devorar o livro e refletir na forma brilhante como tudo foi elaborado.

O autor irá explorar aqui uma realidade pouco explorada e ainda pouco escondida aos olhos dos comuns mortais: práticas sado-masoquistas, vouyerismo, fetiches, fantasias. Até que ponto é realidade e fantasia? Até pode nos pode levar a imaginação?

Um livro sabiamente concebido, escrito de forma inteligente por forma a não o querermos largar. Uma leitura viciante que esteve à altura do primeiro livro e é difícil dizer qual deles o melhor. Além disso, deixa-nos na expectativa para o próximo volume...