terça-feira, 24 de junho de 2014

Quando Éramos Mentirosos - Opinião




O livro chamou-me a atenção pelo título e pela capa. O facto de ser uma estreia a nível mundial também me deixou curiosa. E ainda bem que tive oportunidade de o ler.

Cadence, Johny, Mirrene e Gat compõem o grupo dos mentirosos. Eles encontram-se todos os Verões na ilha privada dos Sinclair, uma família rica, de classe alta e com gostos requintados mas que na realidade vive para as aparências e onde os seus membros estão mais interessados nos bens materiais do que noutra coisa qualquer. A felicidade está a par com aquilo que possuem.

Este é daqueles livros que se lê de um fôlego. Com uma escrita clara e fluída, vamos acompanhando o presente e o passado, principalmente os Verões quinze (o número corresponde á idade de Candence) e dezassete. Por vezes a narrativa pode parecer algo confusa e ficamos com a sensação que falta algo, que alguma coisa não está bem explicada. No final, tudo fica claro como água e conseguimos não só entender o que aconteceu no Verão em que Cadence tinha quinze anos como também alguns dos desenvolvimentos posteriores e comportamentos de alguns elementos, nomeadamente da mãe.

Entendo este livro como uma análise ás famílias disfuncionais. Famílias que deixam que os bens materiais falem mais alto, que usam os filhos em benefício próprio, que para obter o objecto dos seus desejos não olham a meios. E por vezes isso pode ser o suficiente para acender o rastilho. Os dramas familiares tornaram tudo mais explosivo: divórcios, um elemento de uma classe mais baixa, uma mulher abandonada pelo marido...tudo encoberto para o exterior, pela capa da normalidade. 

Os sentimentos estão implícitos (sim porque nesta família não é permitido revelar o que se sente e tudo tem que ser escondido dentro de cada um) em toda a narrativa: a dor da perda, a angústia do desconhecimento, a alegria da juventude, o prazer do primeiro amor, a felicidade da amizade...todos eles se cruzam e levam as vidas dos Mentirosos e da família Sinclair ao limite, deixando o leitor arrebatado e no final, em estado de choque.

Leitura compulsiva. Final surpreendente e inesperado. Altamente recomendado. 

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