E porque de um momento para o outro tudo muda*...

Às vezes e quando queremos, enganamo-nos a nós mesmos. E conseguimos, assim, ir gerindo uma série de situações, pois colocamos determinadas coisas numa zona do nosso cérebro que teimamos em não ver. Deixamo-las lá, em pequenos compartimentos que vamos escolhendo à medida que nos convém. E assim vamos vivendo, até que em determinadas alturas abre-se uma brecha, ou porque surge algo mais complicado de gerir e mesmo sem que o queiramos, a situação sai cá para fora e obrigamo-nos a pensar nela, ou então porque o peso omnipresente começa a dar de si e de repente temos de falar.

Quando isso acontece, colocamos tudo em causa e interrogamo-nos como somos capazes de fazer planos e tentar andar para a frente, quando temos aquela coisinha ali, que volta não volta aparece para nos fazer pensar na realidade, que é inalterável e não desaparece como que por magia.

E temos consciência que não somos capazes de os resolver assim do pé para a mão e por isso vamos empurrando, vamos (sobre)vivendo e deixando para amanhã o que podíamos fazer hoje, ainda que isso signifique viver em esforço e de forma disfuncional. Ainda que dessa forma possamos ser felizes, vivendo uma felicidade de faz de conta.

* não é de um momento para o outro, porque na realidade nada mudou e aí é que está o problema.