quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Dos meus utentes # 1


A I. perdeu o marido à cerca de um ano, quando eu entrei na Instituição. Desde essa altura só a ouvi falar dele umas três vezes. Nunca soube que ele faleceu e quando a ouvi falar nele, foi para dizer que ía ter com ele a casa.
Esta é uma das faces do Alzheimer. A família sofre mais do que o próprio doente, pois muitas vezes o doente nem se apercebe que tem a doença.
As recordações mais distantes são as que mais facilmente vêm à memória, por isso é mais frequente ouvi-la contar situações que envolvem a própria mãe, que fala como se aquela fosse viva.
É estranho ver que tudo o que viveu com o marido, toda uma vida em comum, é apagada como se nunca tivesse existido.

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